O gesto da voz do gesto!

"Oh!
O que é que há aqui?
É o eco que há cá!

O quê? Há eco aqui?
Há cá eco há!"

"Formamo-nos e desenformamo-nos
Ao longo de experiências vocais,
Por aqui e por ali,
A qualquer hora do dia ou da noite
E conforme a forma das circunstâncias.

Gestos e jogos
Modos e canções,
Explosões no silêncio
Jornais nos jograis
Palavras suadas
Emoções transpiradas
E outras que tais

Era o chão que batia batendo nos nossos pés
De cada vez que caminhar era vez
E provocava de quando em quando
Uma vibração por dentro
Que se soltava pela boca fora
Em consonância com o som
Que o bate largava no ar,
Como se caminhássemos para falar
Ou falássemos para cantar.

Eram ritmos ora condicionados ora livres
Conforme a nossa vontade ou distracção.

Eram linguajares que ouvíamos e havíamos praticado
Já tão distraidamente que
Mais soavam ritmos ou texturas sonoras
Do que o seu conteúdo habitual
E o certo é que nos perdíamos nelas,
Experimentando estranhas rotinas
Que nos davam sensações novas
E novos sentidos para a palavra.

O choro que amanhece uma respiração
Ou o soluço que a interrompe momentaneamente
Talvez seja o que de facto procuramos,
Tanto distraídos como entretidos,
Nos troca-sons e palavretes que fazemos
Prolongando o criançar.

Ou não será, a voz, o mais próximo disso!?...
Ou isso, o mais próximo da voz!?... "

Ficha Técnica

Guilhas
Paulo Brites
Ruben
BitOcas