por Fausto Ferreira
Pas par tout não foi para mim. Mas apenas porque não cheguei a tempo pois gostaria de ter estado na abertura do FOGO. Dúmbala Canalla foi o início para mim mas com este grupo já o FOGO estava bem ateado. A energia fulgurante do grupo catalão e a sua mescla de estilos festivos fizeram transbordar de alegria o público. No encore, a dança rodopiou do palco, espalhou-se pela tenda e pôs toda a gente em pé. As cadeiras iam sendo criteriosamente retiradas pelo staff d’Orfeu e depois de começar a dançar não se podia mais parar. No fim, restavam apenas um par de cadeiras e definitivamente o FOGO ia bem alto. O público estava extasiado com a dança à volta da FOGueira em que se transformou a tenda. Numa noite fria, nada melhor para atear o FOGO.
Na segunda noite, um regresso aclamado de Microband. Que dizer desta “orquestra sinfónica mais pequena do mundo”? Para quem era repetente, de certeza não teria esquecido um violino partido ao meio a tocar música clássica. Mas as combinações de mãos e instrumentos são tantas que era impossível recordar todas estas formas não convencionais de tocar música tão variada como Bach ou Jethro Tull. Desde uma guitarra com flauta embutida, um violino partilhado e tocado com um serrote e um arco, micro-cavaquinhos, flautas tocadas com o nariz, um trompete a ser tocado com arco de violino houve combinações para todos os gostos. Até umas maracas e um balão serviram de gaita de foles. “Passarinhos a bailar” versão italiana foi o êxito da noite onde houve ainda espaço para fazer trocadilhos com o nome de Águeda ou com rojões e leitão.
Depois do rastilho deixado por Microband, a fasquia estava alta para não deixar apagar o FOGO. O Menino é Lindo não deixou os créditos por mão alheia e contagiou o público com as suas versões fanfarra de grandes êxitos portugueses desde “Amanhã de manhã” à “Laurindinha” passando por “Contentores” houve espaço para tudo. As interrupções das músicas para interacção com o público em inglês propositadamente atabalhoado, ainda que por vezes algo inusitadas, serviam para ensinar ao público a melhor forma de acompanhar uma banda e de o fazer rir. Para ajudar à comédia, a indumentária dos músicos estava de acordo com o aspecto cómico do espectáculo. Tudo a rigor portanto para um fecho em festa deste primeiro fim de semana. As cinzas repousaram no Domingo, mas esta semana há mais FOGO.