Fausto Ferreira
8 Outubro

A noite mais multicultural do festival teve presentes artistas oriundos de Itália, Espanha, França, Reino Unido, Estados Unidos e Argentina.
Os italianos do Teatro Necessario foram barbieri (barbeiros) por uma noite. Segundo os próprios, fazia falta em Águeda uma barbearia, já que estava imenso público na sala. O cenário estava muito bem caracterizado a relembrar uma velha barbearia e tudo o que estava escrito estava em bom português. A festa de inauguração desta barbearia correu muito bem, com os três musicómicos a presentearem o público não só com um bom espectáculo, mas ainda com cortes de cabelo grátis. O regresso destes italianos foi marcado por uma boa mistura entre música e comédia, com extravagantes intervenções musicais em conjunto. Como por exemplo, quando se encaixaram os três de uma forma em que era impossível perceber que mãos tocavam o contrabaixo ou o clarinete. Ou quando um tocava contrabaixo às cavalitas do outro. Ou quando um dos artistas tocava clarinete ao mesmo tempo que tinha o seu cabelo cortado e ajustava o ritmo do clarinete de acordo com a escova que lhe passavam no cabelo.

Teatro Necessario © Mário Abreu

Depois de descerem do palco tocando clarinete, trombone e trompete na primeira interacção com o público, anunciam a abertura da barbearia com um sugestivo anúncio "Barba e cabelo 15€". Desceram o preço para 10€ e olharam insistentemente para o público, mas ninguém se atrevia. Até que ao anúncio "Primeiro cliente grátis", logo um voluntário surgiu do público. E outro. Mas ao segundo, apareceu o cartaz "O segundo paga" antes que surgissem mais e mais clientes ávidos de um corte de cabelo. O primeiro cliente foi despachado rapidamente já que tinham um segundo que iria pagar e portanto tinha de ser melhor tratado. Além de uma coroa havaiana, teve direito a um rico manto (em vez de um normal lençol) e a um corte nas alturas. Sim, leram bem, um corte nas alturas. Isto porque a cadeira do cliente foi subida tanto que o corte teve de ser executado com um dos barbeiros em pé em cima dos ombros do outro. Podem imaginar a comicidade da situação. Para acabar em beleza, agradeceram e saíram do palco deixando o membro do público a mais de 2m de altura. Por duas vezes fizeram o mesmo, olhando com um misto de vergonha e condescendência, pois não conseguiam descer a cadeira. Por fim, tiraram-no do modo mais difícil: pelos ombros. Afinal, é muito mais cómico assim que simplesmente descer a cadeira. E comédia foi o que não foi faltou neste espectáculo.

Gadjo © André Brandão

Os Gadjo oriundos de Barcelona, mas com raízes na série de países supracitada, animaram a segunda parte da noite. Muito bem dispostos e divertidos, e demonstrando desde o início o quão bons músicos eram, entraram logo a abrir. E isso foi apenas um aperitivo do que seria o resto da noite. Cheios de energia, os ritmos ska-jazz preencheram a maior parte da actuação. Mas houve também tempo para uma valsinha convenientemente dançada pela acordeonista. E para grandes solos de todos os instrumentos desde o trombone à bateria, passando pelo saxofone tenor e pela flauta. E para as participações especiais dos três italianos do Teatro Necessario que se juntaram à secção de sopros. A comédia não ficou esquecida e o momento mais cómico deste concerto foi quando sete dos músicos se sentaram ao colo uns dos outros continuando a tocar tranquilamente. No encore e com o público já todo de pé, aconteceu o que os Gadjo tinham pedido anteriormente: toda a gente dançou ao ritmo efusivo desta miscelânea de influências.
Os Bang Bang Bangers animaram o resto da noite com um DJ set apropriado para uma Friday night com ritmos electrificantes.

Bang Bang Bangers © Léa López